- Porque.. porque a gente não tá dando certo.
- E se eu mudar?
Doeu. Ouvir esse último recurso do coração ferido machucou meu coração determinado a não me envolver. Parece aquele grito desesperado de socorro quando a gente tá à beira de ser maltratado. E olha que eu nem era uma das partes integrantes dessa laranja mal encaixada. Eu era só um par de olhos perdidos no calçadão da praia e um ouvido virado pro lado da conversa. Ela chorou. Dava pra ouvir a dor nos gemidos baixos, ela parecia estar numa crise de asma. Asma de amor. Asma de solidão. Falta o ar quando a gente é abandonado. Ou pelo menos pareceu faltar. Apoiei o rosto na palma da mão e o cotovelo na coxa, a conversa continuou.
- Não chora. É golpe baixo e você sabe disso.
- Vou embora.
Ela levantou e sumiu à passos desolados ao longo da calçada. O patife ficou ali sentado por alguns instantes enquanto os olhos acompanhavam o distanciamento da menina.
O clima era triste, daquele tipo que a gente sente pós filme de drama ou quando a gente bem que queria se esconder do mundo pra não dar explicações. Aquele momento que todo mundo vive igual quando o coração tá pequeno, tá esvaziando e deixando o amor e as boas lembranças se tornarem só um buraco dolorido e prestes a sugar tudo em volta. Até hoje não sei se eu sinto pena, vazio, compaixão ou indiferença.
Quem tomou o famoso ''pé na bunda'' não fui eu. Cá entre nós um pé na bunda não deve doer tanto quanto essa enxurrada emocional. Depois de só Deus sabe quanto tempo dando certo, aí você dá errado alguns dias e tudo acaba. Deve ser mais fácil fugir do que tentar com tanta força.
Senti uma pontada no peito. Quando caí em mim, parecia ter bebido o mar inteiro. Uma sede amarga, uma dor nos pulmões, aquele cansaço nos braços. Um desespero ainda maior pra sumir, pra esquecer, fugir. Acordei. Quase afogada na dor das minhas lágrimas, naquela lembrança de alguns dias. Era como se ele estivesse me dizendo agora que não estava certo. Sonho maldito que me faz lembrar dele e aquela boca cheia de desculpas e finais. Sonho que não me deixa esquecer que foi outro dia que eu me perdi nele.
No dia, lutei tantas vezes contra minha vontade de afogar o vazio e deixar o mar me rumar. O mar, sim, era feliz. As pessoas pulam nele, batem braços e pernas e ainda assim é ele quem tem a direção. E quando a pessoa não quer mais ser controlada, ainda tem que lutar pra ir embora. Mas ainda assim o mar continuava imenso, com aquele azul ondulado e dono de si. Queria tanto ser dona de mim outra vez. Se eu soubesse o quanto dói se afogar em alguém, nem teria pisado na beirinha.
No fim, eu aqui trancada por dentro enquanto odeio praia.
Resolvi tentar algo novo e me inspirei na minha foto pra escrever essa bobagem.
Beijo, queijo e um amor pra vida toda.
Ray (:
Um comentário:
Aaaaaaah, que perfeito! Amei o post e a foto! Xx
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