quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Poesia alheia

Monólogo de um amor platônico - Do querer e não poder ter

Esta noite soa incrivelmente melancólica
Seria igual a todas as noites se eu não estivesse alimentando o meu algoz interior
A minha idolatria ultra-romântica, que só me faz perder
Quando falo de perda, falo de ausência total
Tenho aqui dentro, sentimentos que não deveria ter
Sou um egoísta por natureza
Me sinto em luto pela parte de mim que morre dentro de você
Quando sei que me esquece ou me ignora eu perco pedaços do que me define
Minha identidade adulterada
Sem sua atenção eu não passo de um estranho pra mim mesmo
Sinto desconforto dentro do meu próprio corpo,
Nas esquinas do meu interior quando não te encontro, não passo de um ser que respira sem sentido ter.
O trabalho e o entretenimento vêm aos poucos matando o que ainda resta de mim
Lacerando o que ainda há do meu lívido romantismo
Fujo de todas as formas do estereótipo do normal
Quero continuar ouvindo minhas musicas melancólicas
Chorando vendo filmes românticos
Querendo o paraíso proibido dos outros
e gostando das coisas bucólicas que ninguém dá valor
Sem inspiração, vou escrevendo poesias que não rimam com nada
Meu pensamento que errante vaga
Imaginando o que eu não consigo ver
Sentindo falta do que eu não posso ter
Me sinto distante, dedilhando páginas cá estou, infringindo a lei
Passeando nas poesias, sem as ler
Sentindo inveja das coisas que não consigo escrever
A vida é tão valiosa e tão curta
e eu aqui a estou desperdiçando,
Escrevendo pra reclamar algo que nunca foi de fato meu
Fazendo planos que não posso concretizar
Procurando um tesouro que no meu mapa, ausente está
Forçando a mente pra alguns lugares me levar
Pro teu mar velejar
Guiado pela luz de um abajur a meio tom
No teu leito quero atracar
Penso, penso como seria se ao teu lado pudesse repousar
Se eu ali estivesse, meu corpo saberia reagir à altura do momento.
Saberia nos meus sinais o quanto eu queria.
Pra eternizar o momento, por Deus, o que eu faria
Usaria de uma só vez todo o amor que se pode ter em uma vida…
Volto pro meu submundo
Degustar mais meia taça de questionamentos
Dos porquês que me convencem de que não posso
Longe disso, já nem sei o que quero
Mas sei o que não posso ter
A minha vida passa
O mundo ainda continuará a existir
e eu sem saber o sabor que tem você
Quando partir desse mundo crasso
Extraiam desse texto, o meu epitáfio


“Não passou de um ser, que respirava sem sentido ter."

Izaú Melo

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